Sempre que posso e quando o tema da conversa é Home Office, costumo provocar nas pessoas participantes uma reflexão sobre a experiência desta modalidade, principalmente em tempos de pandemia.
Sabemos que essa prática é muito solicitada por gerações mais novas como a Y e a Z, que enxergam nela uma grande possibilidade de ter um trabalho com mais dinamismo e liberdade de atuação.
Porém, a má gestão por parte das organizações e gestores, podem transformar uma experiência positiva em algo ruim e traumático.
Recentemente a Você S/A lançou uma matéria sobre isso (https://vocesa.abril.com.br/carreira/piores-empresas-para-trabalhar-home-office/) apresentando pontos de vulnerabilidade da prática por empresas que ainda não se estruturaram e também por gestores que não tomaram consciência da conduta que possuem frente as suas equipes.
Gosto de falar desse assunto utilizando, como exemplo, a história dos castelos.
Sabemos que eram construções que tinham como finalidade servir de fortaleza e mais do que um local de habitação, eram lugares de festas, convivência e de decisões. Neles continham as histórias das famílias que os habitavam e perante os olhos deles, tudo funcionava bem.
É claro que também, eram nos castelos que existiam os calabouços, lugares sombrios, tristes, úmidos e especialmente localizados na parte subterrânea. São esses lugares que as pessoas punidas ficavam exiladas até que a decisão do que seria feito com ela, fosse tomada.
Trazendo para os dias atuais, a nossa casa é esse castelo, pois ela é o único espaço que podemos com propriedade dizer que é nosso, que contém os nossos desejos que vão desde a decoração à forma de organização e regras de convivência, bem como é neste local que discutimos assuntos para a tomada de decisão.
E o calabouço toma uma representação simbólica, da situação e da dinâmica das relações que envolvem aquele lar.
Trazendo essa representação para o contexto do home office, se a modalidade não for bem gerenciada, a experiência que o colaborador pode ter em sua própria casa (fortaleza) é de estar preso como no exemplo do calabouço (punição / controlado).
O excessivo controle por rotinas, horários e entregas, bem como o estilo de comando dos gestores que mesmo em dias atuais, ainda existe, dificulta a modalidade em dar certo e ser uma experiência positiva para ambos os lados.
É possível levar inúmeros exemplos de funcionários que mesmo cumprindo as suas atribuições com responsabilidade e comprometimento, preferem não trabalhar de casa, por conta da mudança de comportamento do seu líder imediato em ficar controlando a cada momento o que se esta fazendo, seja por meio de e-mail, ligações ou mensagens por whatsapp.
Esse tipo de comportamento só reforça o que o mercado brasileiro, em sua maioria, ainda acredita: que o home office não é efetivo para os negócios.
Portanto, vale a nossa reflexão enquanto organização, profissionais de RH, gestores e equipes de trabalho. Estamos preparados enquanto cultura para a prática do home office? Nossas ações de Gente e Gestão são efetivas principalmente no que diz respeito as relações humanas e perfomance?
Penso que este é um bom momento pra se reinventar, transformando nossas práticas/organizações em possíveis “castelos”.